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Filha de Joaquim Dias Ferreira e de D. Maria da Conceição Nunes Ferreira, ambos naturais da freguesia de São Miguel de Ferreira do Zêzere, D. Maria Dias Ferreira nasceu em Lisboa, na freguesia de São Nicolau, a 26 de janeiro de 1873.
Batizada com o nome de Maria Emília Dias Ferreira, repartiu de pequena o seu tempo entre a Lisboa do "pós cenáculo" e o recatado lugar do Castelo, nas imediações de Ferreira. Aqui passou, durante a infância e adolescência, agradáveis temporadas participando nos inúmeros passeios e piqueniques tão ao gosto de então.
Maria Dias Ferreira junto ao quatro filhos
Durante as temporadas em Ferreira despontou o romance com o médico Dr. Francisco Costa Félix, filho primogénito de Francisco Costa Félix e de sua mulher D. Maria Flor Heitor da Costa, cujo desfecho matrimonial viria a ter lugar na Igreja de São Miguel de Ferreira do Zêzere a 8 de abril de 1891, numa cerimónia muito concorrida.
Houve deste casamento 4 filhos contudo apenas uma sobreviva deu continuidade à família, a pequena Manuela que, de tenra idade, perdeu, no curto espaço de meia década, vítimas de doença, o pai e os seus três irmãos.
A
OBRA
D. Maria Dias enviuvou pouco tempo depois do advento da República. Voltaria entretanto a casar com Júlio Eduardo da Silva, sem descendência. A falta de sorte não obstou a que, no ano de 1913, concretizasse a sua grande obra e a maior aspiração dos ferreirenses de então. A inauguração da grandiosa obra de beneficiação da vila de Ferreira do Zêzere, o abastecimento público da água.
Tal ação mereceu-lhe o título, até hoje o único concedido pelo município, de Benemérita de Ferreira do Zêzere. Ainda hoje subsiste na posse dos seus descendentes o documento em pergaminho que atesta esta justa homenagem.
Fontanário na Praça Dias Ferreira
Foi, assim, em outubro de 1913, que se deu a inauguração do fontanário, num ambiente misto de alegria pela obra feita e de grande comoção e pesar pelo recente falecimento dos seus filhos. Quis-se então que a praça outrora designada por João Franco se chamasse D. Maria Dias, mas, por intenção da benemérita e em homenagem a seus pais, passou a referida praça a designar-se por Praça Dias Ferreira, ficando o nome de seus pais lavrado na lápide que ainda hoje existe na base do fontanário.
Teria porventura bastado a obra de 1913 para que ficasse eternamente merecedora da gratidão desta vila, porém, a sua benemerência continuou a manifestar-se em ofertas como a que efetuou em 1914 para obras no Hospital de Todos os Santos de Ferreira do Zêzere.
Muitas outras doações se lhe seguiram, e, se a sua vida terminou a 26 de julho de 1959, a sua obra permanece bem viva na memória dos que conhecem o que D. Maria Dias fez em homenagem aos seus pais e avós para que a terra deles, sua também por direito próprio, progredisse, e incutindo na sua filha Manuela, netos e bisnetos o amor e carinho que sempre dedicou a Ferreira do Zêzere. Hoje, tantos anos decorridos sobre a proclamação da benemérita, a Fundação Maria Dias Ferreira continua a sua obra.